sábado, 24 de setembro de 2011
Carta Aberta aos Professores
(Com conhecimento ao Senhor Ministro da Educação)
Como estou já reformado não me dirijo directamente, ao contrário do que era meu hábito, ao titular da pasta da educação, mas sim aos professores em exercício - e a quem mais queira ler esta carta - para manifestar expressa e publicamente a minha continuada indignação pela renovada desqualificação do ensino, dos estudantes, dos professores e da população portuguesa, subtraindo as armas do conhecimento numa altura em que é cada vez mais importante o estudo e a compreensão de fenómenos de crescente violência a entrar e a sair na porta do nosso quotidiano. Tudo feito numa grosseira argumentação dum pseudo rigor económico duma pseudo absoluta e definitiva “economia”.
Conheço de há uns anos os textos de Nuno Crato sobre o ensino e não só, onde o melhor de aspectos do discurso matemático se mistura com o pior do pensamento hitórico-filosófico, de que se destaca o total desprezo pela lógica dialéctica, a mais liminar rejeição da particularidade e da individualidade nos processos da aprendizagem e da socialização e o maior desdém pelos que vendem a sua força de trabalho. Estes, a seu ver, necessariamente objecto de exploração numa não menos necessariamente acefalizada e subalternizada condição trabalhadora e aquelas, lógica dialéctica e processos de aprendizagem, a serem soberana e irritadamente varridas da cena.
A excelência e o rigor do Professor Crato são estritamente de especificidade técnica e obstinada e despudoradamente mercenárias.
De tal maneira que não só em nada nisso se distingue das duas próximas suas predecessoras como tomam as funções que exerce cada vez mais as atribuições de paquete.
Combater o dogmatismo com outro dogmatismo é abraçar o que se combate. Resta meramente factual a lógica que informa tal (aparente) contra-senso: contém a contradição mas não contém a explicação.
O equívoco e o drama que vivemos reside aí: temos tido uma sucessão de dirigentes que são mais moços de recados dos “investidores” do que responsáveis dirigentes de um povo cada vez mais justamente indignado pela intimidação, pela delapidação, pela burla, pela sonegação, pela mentira e pela traição.
Se, nos idos oitenta do século passado, Cavaco mandou pôr a farinha na masseira, se foram pondo o que puseram ao futuro bolo por esse tempo adiante até ao chantilly e à cereja de Maria de Lurdes Rodrigues e ao dar corpo à festa de Isabel Alçada, cabe agora ao Dr. Nuno Crato fatiar e distribuir o bolo aos escolhidos entre quantos foram convidados, deixando cada vez mais portugueses à fome em frente à cada vez mais provocatória fartura para cada vez mais poucos.
Como reformado deixei de pertencer a qualquer que seja a escola nesta região e neste país. Por isso não mais posso internamente argumentar contra a mistificação e a desenhada violência da administração pública empossada após a última nova fraude eleitoral. Não mais posso, internamente, expressar e participar na luta, agravada pelo continuado trabalho de sapa dos sindicatos vendidos e de quem nas escolas inconsequente, manhosa e ou cobardemente se cala e ou consente.
Mas posso, se não me for tirada forçadamente a palavra ou a vida, observar e pronunciar-me sobre o que considerar ser meu dever fazê-lo.
Há professores jovens e outros menos jovens que nos Açores lutam na rua e nas instâncias da administração pública e privada contra o ataque brutal de mais um governo de traição ao povo português. Estiveram nas Portas da Cidade de Ponta Delgada, na Escola dos Arrifes, onde foram pidescamente identificados por polícias à paisana, na Escola Canto da Maia, nas instâncias governamentais.
Junto-me a eles na luta!
Luta contra a burla económica, escalpelizando-a, explicando como ela se tem imposto e fazendo-lhe justificado combate! Luta pela recusa duma dívida de saque a quem não a fez em simultâneo com a denúncia do astuto golpe de branqueamento de quem a fez!
Subvertamos a afronta e ponhamos o saber ao serviço do povo português! Organizemo-nos no discurso e na acção! A um governo de lacaios adoradores da venalidade oponhamos um Governo Democrático Patriótico!
Obrigado,
São Miguel - Açores, 21 de Setembro de 2011,
Pedro Albergaria Leite Pacheco
domingo, 11 de setembro de 2011
Professores desempregados manifestam-se
A Comissão Representativa dos Professores e Educadores Precários e Desempregados de São Miguel acusa o Governo Regional de estar a “forçar as escolas açorianas a cometer ilegalidades”. Em causa, o facto da Secretaria Regional da Educação e Formação não responder aos pedidos de contratação de professores, por parte dos estabelecimentos de ensino onde estes profissionais existem em número insuficiente para fazer face às necessidades. Resultado disso, os professores que existem nestas escolas são chamados a leccionar disciplinas que, por vezes, não correspondem exactamente à sua área de formação. A denúncia foi feita ontem por um dos membros daquela comissão, no âmbito de um protesto que concentrou cerca de meia centena de docentes precários e desempregados de São Miguel nas Portas da Cidade, em Ponta Delgada. Fernando Marta exemplificou, ao nível do 3º ciclo do ensino básico, o caso de professores de Matemática que também leccionam Estudo do Meio. Trata-se, em seu entender, de uma “ilegalidade” em termos de ciclo e disciplina. “Não é verdade que as escolas não precisam de nós. As escolas pedem professores à tutela, mas a tutela não abre vagas”, lamentou, informando que o problema também se coloca na educação especial. Existe mais de uma centena de professores desempregados em São Miguel, isto quando as escolas preenchem os horários ‘esticando’ para todas as disciplinas o pessoal docente que têm, numa lógica de “turmas maiores e menos professores”. Fernando Marta está convicto de que os docentes precários e desempregados “são necessários nas escolas” - esta foi, de resto, a razão fundamental para o protesto realizado ontem - e que a situação, tal como está, leva “à atribuição de horários a professores que não têm habilitações na área” pretendida. A reivindicação será levada ao presidente do Governo Regional, Carlos César, sendo que, a partir de amanhã, será “dada nota de cada uma das escolas onde faltam professores, mas que a tutela não abre vaga”. Sónia Penela, outra das organizadoras do evento para a manifestação de descontentamento, despoletado através das redes sociais da internet, mandou um recado à responsável pela pasta da Educação, Cláudia Cardoso: “Quando a senhora secretária diz que não conhece as ilegalidades isto choca-nos um bocado, porque ela tem que ser a principal conhecedora do que se passa nas escolas. Temos conhecimento pelos conselhos executivos que isto está a acontecer, então há alguma falha de informação entre os órgãos de gestão das escolas e a secretária”, acentuou. Segundo referiu, a falta de professores é uma realidade que acontece “em quase todas as escolas do ensino básico”, o que põe a “qualidade da educação em risco”. • Descontentamento no centro da cidade “Jovem saudável com vontade de trabalhar. E a Secretaria não deixa?!”; “Não quero que o Estado me pague para ficar em casa. Quero trabalho!”; “Sou preciso na escola mas o meu patrão é a Segurança Social” e “Contratado há dez anos”, foram algumas das mensagens de descontentamento ontem patentes no protesto das Portas da Cidade. A manifestação não contou com mais professores porque, segundo Fernando Marta, muitos deles souberam que teriam colocação noutras ilhas. PAULO FAUSTINO
NOTA:
Considero que os colegas que estão a "liderar" este grupo de docentes estão a entrar por águas pantanosas.
Não seria uma justificação de maior peso e mais facilmente quantificável o previsível «insucesso na recuperação de alunos" que acontecerá com o fim do par pedagógico nas Turmas "Oportunidade"?
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
A 10 de Setembro, professores protestam em Ponta Delgada
Professores precários protestam nas Portas da Cidade no sábado
Mais de 160 docentes juntaram-se em movimento através do facebook contra a diminuição de colocações. Secretaria responde que número de colocações foi o necessário
Acomissão organizadora do Movimento de Professores e Educadores Precários e Desempregados da ilha de São Miguel anunciou que vai realizar uma manifestação no próximo sábado pelas 16h00 nas Portas da Cidade. A iniciativa contesta as colocações de docentes divulgadas em 30 de Agosto, considerando que está a haver “um decréscimo de contratos além das restrições orçamentais”. A comissão quantifica uma redução de 227 professores colocados face ao ano passado, 80 destes só no primeiro ciclo, que passou de 120 para 40 docentes, número considerado pelo movimento como “grande” tendo em conta a dimensão da Região. “Estamos a falar de professores em alguns casos com mais de uma década de contratos, com a vida organizada cá, alguns até com casas compradas aqui e que de um momento para o outro se vêem no desemprego”, relata Fernando Marta, um dos responsáveis pelo movimento. Os dirigentes alertam que a falta de colocações acaba por forçar as escolas a cometer ilegalidades, exemplificando casos de professores de inglês do 3º ciclo “obrigados” a dar aulas ao ensino básico, leccionando assim a turmas para as quais não têm habilitações. “Sabemos que somos precisos, que as escolas estão a pedir professores e que da parte da tutela não existe a possibilidade de contratar mais”, resume.
Fonte: Açoriano Oriental, 8 de Setembro de 2011
Assinar:
Postagens (Atom)