sábado, 29 de novembro de 2008

Executivo da Antero de Quental admite suspensão da avaliação


A Escola Antero de Quental volta a abrir-se à comunidade exibindo uma exposição sobre brinquedos, em parceria com o Museu Carlos Machado. Porque é que surgiu esta ideia?Resulta de um protocolo entre a Escola e o Museu e é a primeira vez que esta instituição expõe a sua colecção de brinquedos numa escola. Acresce que esta exposição insere-se numa das vertentes que a escola deve promover, neste caso a cultura.Porquê o brinquedo?Porque faz parte da nossa vivência e do nosso crescimento. Todos nós guardamos uma imagem de um brinquedo favorito, da importância que ele teve num determinado momento ou do seu carácter lúdico. O que nós queremos é transmitir aos alunos, e a quem nos visitar, a ideia de que temos memória e sabemos preservá-la num contexto muito especial que é o das instalações onde estamos: um palácio com um enorme valor patrimonial que tem vindo a merecer um restauro cuidado.Como é que foi desenvolvida e equacionada a exposição?Foi uma iniciativa do departamento de artes, nomeadamente através do Professor José Manuel Cruz. Os alunos ajudaram na concepção de todo o material promocional da exposição e a assessoria técnica é do próprio Museu.A Escola Antero de Quental tem tido dias difíceis, com as obras. Como é que tem sido o dia a dia desta comunidade escolar, ampliada este ano com mais 300 alunos?Cada dia esperamos que as coisas melhorem e penso que têm melhorado. Gostaria de deixar aqui uma palavra para toda a comunidade escolar, em especial docentes e pessoal auxiliar, que têm manifestado uma compreensão enorme face a este processo.Como é que tem corrido o processo de avaliação de professores?Há uma tendência para as pessoas pedirem a suspensão do processo de avaliação. Mas ao nível dos órgãos superiores da escola ainda não há uma decisão formal.Pessoalmente, acho que o processo tem coisas boas, que podem ser aproveitadas. Admito que haja aspectos que tenham que ser adequados à realidade escola. A avaliação é essencial numa sociedade organizada.Isso quer dizer que a avaliação na Antero de Quental vai ser levada até ao fim?Há uma tendência natural para pedir a suspensão por parte dos docentes que ainda não envolveu 50% dos departamentos, mas os órgãos da escola ainda não a decidiram. Julgo que o trabalho que temos pela frente é agilizar procedimentos e ver o que é que será possível concretizar até ao fim do ano. O Estatuto da carreira Docente é um documento muito denso que tem muitos aspectos positivos e sugere muitas soluções.Os problemas surgem é na aplicação da grelha, porque avaliação sempre existiu.Quando há exames nacionais, os docentes são confrontados com os resultados dos alunos e depois analisados pelos conselhos pedagógicos e pelos departamentos. Portanto há avaliação.Com que regularidade?Com alguma regularidade, embora não o façamos tantas vezes porque as exigências da escola são muitas. O nosso objectivo nas escolas é promover o ensino e a aprendizagem. É isso também que o legislador exige.Não sente que muitas vezes está a trabalhar para as estatísticas?Isso não é totalmente verdade. Os conselhos de turma têm muita autonomia e a Direcção regional não se intromete aí. Não há directiva nenhuma que imponha esta ou aquela avaliação.A escola que dirige está sempre envolvida em questões de segurança e de toxicodependência. Adoptaram medidas concretas para lutar contra isso. Que resultados obtiveram?Hoje a escola é mais segura. Está tudo mais controlado.Há males que vêm por bem e o último ano de vida, em função dos condicionalismos a que nos vimos obrigados, também fomos forçados a andar mais pela escola e a condicionar mais o acesso a determinados lugares. Penso que aquilo que é um constrangimento acabou por dar outros frutos, melhorando as condições de segurança.Mas continua a haver problemas e a polícia vai com alguma regularidade à escola?Só quando há algum aluno envolvido em situações de tráfico. A acção da polícia deixe-me dizer tem sido discreta mas eficaz e muito valiosa. A escola está definitivamente mais segura.
Grelha de avaliação em causa
Os prazos e a ambição das grelhas são o “calcanhar de Aquiles” da avaliação a que os professores estão a ser sujeitos este ano lectivo, pela primeira vez. Em causa estão os artigos 72 e 92 do diploma da avaliação. O primeiro prevê que a entrega das avaliações seja feita em Julho, quando há maior sobrecarga de trabalho com exames e matrículas. No caso do artigo 92º a “excessiva ambição” nos critérios da grelha de avaliação, quando por exemplo, se prevê a “necessidade do docente elaborar e executar, de forma sustentada e generalizada procedimentos de avaliação congruentes com as normas definidas”, ou seja, um trabalho de investigação aturado, pode prejudicar uma avaliação correcta que apenas prevê o medíocre ou o muito bom. Algumas escolas admitem a suspensão do processo.Outras estudam a possibilidade de implementação de alguns aspectos, “apenas os mais urgentes”, que no limite pode significar a avaliação de contratados e dos quadros de zona pedagógica.

SPRA faz exigências

O Sindicato dos Professores da Região Açores (SPRA) fez ontem um alerta à nova secretária regional da Educação e Formação, afirmando que “não pode partir do pressuposto de que tudo está bem na Região, ao nível da Educação, só por existir um Estatuto diferente do que está em vigor no continente”.Assim, o sindicato exige “o fim dos horários de trabalho pedagogicamente inadequados”, “dos condicionalismos que cerceiam os direitos de protecção na doença do docente”, e da desconsideração de “parte do tempo de serviço prestado pelos docentes contratados”.O SPRA considera também ser urgente a reconsideração do sistema de avaliação dos docentes, “que não pode ser assumido como um instrumento da administração educativa para fins de gestão financeira”, mas sim como “um processo regulador da actividade docente, visando, em primeira instância, a melhoria do seu desempenho, a fim de garantir a qualidade de educação”.
JCCarmo Rodeia, Açoriano Oriental