quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Professores em Luta a Nível Nacional





[de portugal.indymedia.org]

Uma luta de resistência começou em 2008, contra a divisão da carreira de
professor, que queriam escandalosamente hierárquica, para explorarem
melhor os professores, contra um modelo de avaliação absurdo, contra a
gestão autoritária e clientelar das escolas, contra a infestação
burocrática do ensino, por uma escola inclusiva, sem discriminações, com
meios materiais e humanos, que promova o sucesso de todos e todas, e que
não seja engolida pelas políticas neoliberais que dela querem fazer um
negócio ou um simples instrumento do mercado capitalista.
Começam a existir professores com salários em atraso, pois o Estado
privatizou parte do currículo, entregando-o às Câmaras Municipais que por
sua vez contratam empresas que por sua vez contratam professores ganhando
uma miséria, no país em que um em cada cinco trabalhadores não tem
contrato de trabalho. A precariedade atinge em cheio os professores. Tudo
isto quando milhares deles ficam de fora dos concursos nacionais.
Resta-lhes o desemprego, ou a precariedade das Actividades de
Enriquecimento Curricular, ou a precariedade nas empresas de explicações,
cujo florescimento só mostra que a escola não tem todos os recursos
humanos necessários ao sucesso de todos os alunos.
Aumentaram muito o horário de trabalho, aumentaram a idade da reforma,
congelaram, há anos, os salários. Os mais jovens ficaram quase sem os
direitos adquiridos com muita luta depois do fim da ditadura, em 1974, com
o 25 de Abril. Cem mil professores nas ruas, quase metade do que existem
em Portugal, depois mais duas grandes manifestações nacionais com a volta
de setenta mil, desobediência civil de metade dos professores das escolas
públicas contra a entrega dos "chamados objetivos" que era uma maneira
indirecta de os obrigar a obter resultados fictícios na avaliação dos
alunos, aceitando uma prática de competitividade selvagem entre
professores para obter uma classificação, por cotas, de excelente ou muito
bom que lhe permitisse subir mais depressa na carreira.
Salienta-se aqui o papel decisivo do aparecimento de cinco movimentos
cívicos de professores, dois deles pela defesa da escola pública,
pressionando os sindicatos, depois destes terem assinado um "protocolo"
com o governo. Então os professores foram para a rua, ultrapassando os
sindicatos, e conseguiram que estes, para não serem completamente
ultrapassados, recuassem na sua estratégia de submissão.
Em 2009 a resistência continuou, apesar do ataque feroz à autonomia das
escolas e da subserviência dos directores dos agrupamentos. Por fim as
eleições, ao retirarem a maioria absoluta ao PS, levaram o PSD, numa
atitude demagógica grosseira, a
"encabeçar" a pseudo solidariedade com os professoresnão demorando muito
tempo a cozinhar uma "acordo" com o governo, no sentido da traição
absoluta às nossas reinvidicações.
Que fique a lição para quem tivesse dúvidas....só a autonomia,
solidariedade, entre-ajuda, apoio-mútuo e acção directa, permite o recuo
das políticas ultraliberais, nos ataques aos professores, em particular.
Novo governo, nova ministra, a mesma política, máscara hipócrita. É neste
contexto
que actualmente a Fenprof resiste, pressionada pelos professores atentos
que estão.
Só com ela se pode contar em 2010...e com os professores, com a acção
conjunta com os movimentos de professores.
A LUTA CONTINUA!
Emília Cerqueira