quarta-feira, 17 de junho de 2020
Os animais, o ambiente e o ensino a distância
Os animais, o ambiente e o ensino a distância
No terceiro período, na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, alguns alunos de duas turmas do 7º ano de escolaridade, de uma escola secundária de São Miguel, escolheram como um dos domínios a abordar o bem-estar animal. Para o estudo do domínio em questão, cada aluno optou por um tema, fez uma pequena investigação e apresentou aos colegas os resultados das suas pesquisas.
A maioria, para além de abordar o conceito de bem-estar animal, limitou-se a investigar o que se passava com os animais domésticos, nomeadamente com cães e gatos, apresentando sempre as razões para o seu não abandono. Alguns também deram a conhecer associações de proteção dos animais, sendo a Cantinho dos Animais dos Açores
a única associação açoriana que conheciam.
Depois de “esgotado” o tema, o docente elaborou um questionário com o objetivo de ouvir a opinião dos alunos sobre vários aspetos relacionados com a proteção dos animais.
Abaixo, apresentam-se os principais resultados.
Sobre a importância da vida dos animais, a maioria dos alunos (84%) considerou que era tão valiosa como a dos humanos e para os restantes (16%) era bastante valiosa, mas não tanto como a dos humanos.
Para 89% dos alunos a companhia era o contributo mais valioso dos animais para a vida dos humanos, enquanto para 5,5% era o trabalho e para 5,5% a alimentação e produção de materiais.
A maioria dos alunos (95%) considerou que eram injustificáveis os maus tratos aos animais e um número reduzido (5%) achou que os mesmos se justificavam quando se tratava de os educar.
Enquanto o abandono de animais foi considerado injustificável para a maioria dos alunos (89%), para os restantes (11%) tal só se justificava quando os donos perdiam condições para os manter.
Sobre a utilização de animais em desportos, pouco mais da metade dos alunos (53%) achou que não deviam participar, um número mais reduzido (26%) achou que sim e os restantes (21%) respondeu que talvez pudessem ser usados.
Acerca da realização de touradas, argumentando que os animais se magoavam e sofriam e que era perigoso para as pessoas, a maioria dos alunos (89%) não concorda com a sua realização, enquanto os restantes (11%) acham que devem realizar-se pois é tradição e “mete a população contente e feliz”.
A maioria dos alunos (63%) também não concorda com a participação de animais selvagens em circos, pois não estão no seu habitat natural, porque sofrem e porque podem matar as pessoas.
Para celebrar a comemoração do Dia Mundial do Ambiente, 5 de junho, os alunos referidos também responderam a um questionário, onde, entre outras questões, lhes foi perguntado quais os principais problemas ambientais dos Açores, foi-lhes mostrado uma fotografia de um priolo para saber se eram capazes de identificar a ave e também foi-lhes pedido para que definissem o que era uma planta endémica.
Relativamente aos problemas ambientais dos Açores, os alunos referiram como principais a poluição do ar, da água, dos solos e a diminuição das espécies.
A maioria dos alunos (60%) identificou a ave como sendo o priolo, mas houve quem o confundisse com o corvo, o pardal ou com o milhafre. A grande maioria (94%) dos alunos conhecia o conceito de espécie endémica.
Sobre o ensino a distância, cerca de 30% dos alunos inscritos nas turmas não participaram nas aulas. Dos que participaram, a maioria considerou que conseguiu realizar com sucesso as tarefas e alguns apontaram aspetos positivos como o facto do aluno ter “que se tornar mais autónomo e esforçar-se” e como negativo o ser “extremamente cansativo…”. Outro aluno referiu que “a dificuldade foi mesmo fazer um exercício e não perceber uma pergunta e não ter um professor para explicar melhor”.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 32157, 17 de junho de 2020, p. 17)