quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

EM ANGRA DO HEROÍSMO -Professores manifestam-se contra Estatuto da Carreira Docente




Cerca de uma centena de professores da ilha Terceira, ligados ao Sindicato dos Professores da Região Açores (SPRA), manifestou-se ontem, com apitos e cartazes em frente da Secretaria Regional da Educação e Ciência, contra o Estatuto da Carreira Docente.

“Entregamos à secretária regional uma moção aprovada no plenário de professores que reivindicam todos os aspectos que foram propostos durante as negociações e que não foram contemplados”, revelou o dirigente sindical António Lucas.Segundo o sindicalista, as reivindicações abrangem as questões dos “horários de trabalho, a avaliação e a estrutura da carreira”.

No caso dos horários de trabalho os professores contestam o facto de “as reuniões não estarem contempladas como horário de trabalho, o que origina que um professor passe mais que as 24 horas que estão estabelecidas para permanecer no estabelecimento de ensino”.

Por outro lado, defendem que “a avaliação seja feita por módulo de tempo de serviço enquanto no caso da observação das aulas foram criadas diferenças em função da posição da carreira em que se encontram os professores”.
Ou seja, prosseguiu, “para os professores que estão nos primeiro e segundo escalões a avaliação é somativa e para os dos terceiro, quarto e quinto é formativa quando devia ser o contrário, além de que não há observações de aula para os professores que estão no topo da carreira”.

De acordo com António Lucas, a observação “devia ser apenas quando os professores pretendessem uma classificação de muito bom ou excelente ou quando a escola detectasse más práticas”.

O dirigente sindical indicou ainda que está convicto “das modificações que o Estatuto Regional da Carreira Docente vai ter ao longo do corrente ano por força das alterações verificadas a nível nacional com a introdução de dois novos escalões na carreira”.

Divisão da classe

Susana Amaral, professora, que participou na manifestação, disse que “não concordava com a observação dos professores porque divide a classe uma vez que não é para todos. Ou é para todos ou para nenhum”, preconizou a docente.
Ao som dos apitos e com cartazes em que os professores disseram “Não a esta revisão do estatuto”, em que pediam “Avaliação formativa para todos” e se mostravam “Contra a ilegalidade dos horários”, Susana Amaral sustentou que “não temos medo de ser avaliados só que isso não acontece em mais nenhuma profissão”, acrescentou.
O novo diploma do Estatuto da Carreira Docente é votado esta semana no parlamento regional, na cidade da Horta.
António Lucas explica que os professores pretendem “alertar os senhores deputados para os aspectos negativos do documento”.
Pelo facto de a manifestação, que decorreu de forma ordeira, não estar legalmente autorizada os dirigentes sindicais foram identificados pela polícia de segurança pública que cortou algumas artérias próximas do departamento governamental da educação e ciência.

A União,18 de Fevereiro de 2009