quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Avaliação- Governo pretende apenas mudar as moscas

Secretária da Educação anuncia na Horta: Avaliação de professores vai ter novas regras nos Açores


A nova titular da pasta da Educação nos Açores anunciou ontem, na Assembleia Legislativa Regional, que vai alterar a grelha de avaliação dos professores, contestada pelos profissionais do sector.

Durante o debate parlamentar em torno do Programa do Governo para os próximos quatro anos, Maria Lina Mendes adiantou que o seu departamento decidiu retirar o parâmetro relativo ao «desenvolvimento profissional e investigação» e substituí-lo por outro, sobre o trabalho em equipa.

Uma pequena modificação que, em seu entender, «favorece o trabalho em equipa» dos professores açorianos, embora reconheça que «não há modelos de avaliação perfeitos» e que «qualquer modelo está sujeito a críticas».

A secretária regional da Educação e Formação disse, também, que é sua intenção «simplificar todo o processo administrativo e burocrático» dos docentes, de forma a libertá-los «para as exigentes tarefas educativas».

Maria Lina Mendes garantiu ainda que vai dedicar especial atenção, nos próximos anos, ao processo de avaliação interna e externa das escolas açorianas.

Apesar das novidades trazidas ao Parlamento pela titular da pasta da Educação, nem todos os deputados ficaram satisfeitos com as explicações do Governo nesta área.

Paulo Estevão, deputado do PPM, continua a insistir, por exemplo, na necessidade de mudar os curriculos regionais, de forma a integrar a história dos Açores nos manuais escolares.

Uma ideia que, segundo a secretária da Educação, já faz parte do actual Programa do Governo, que defende a elaboração nos Açores de um «verdadeiro curriculo regional», complementar ao nacional.
O Programa do Governo em matéria de Educação assenta na inevitável e expectável exaltação do que foi feito no passado. Foi desta forma que o Deputado do CDS-PP, Paulo Rosa, caracterizou as intenções plasmadas no Programa do Governo para o desenvolvimento do sector da Educação, em apreciação na Assembleia Regional.
Segundo o parlamentar popular ironicamente, apesar dos esforços desenvolvidos nos últimos anos, de entre os alunos Portugueses na faixa dos 15 anos, os Açorianos detêm o nível mais baixo na aferição de Competências Científicas. Isto prova, quanto a nós, que o caminho que temos vindo a trilhar não é o mais acertado e ilustra o falhanço das políticas educativas que têm vindo a ser implementadas na Região.
Isto porque, entende o deputado centrista, quanto à projecção do que serão os próximos quatro anos, há no Programa do Governo três conceitos recorrentes: primeiro, a demanda da estabilidade dos corpos docentes na nossa Região; em segundo, o Ensino Profissional como clara aposta de futuro e, em terceiro, a resolução de problemas relacionados com a descontinuidade geográfica.
Relativamente à estabilidade dos corpos docentes, Paulo Rosa questionou o executivo sobre que medidas concretas pensa tomar para reduzir a flutuabilidade dos corpos docentes e o seu impacto negativo, mormente nas ilhas pequenas?
Quanto ao Ensino Profissional o parlamentar eleito pela ilha das Flores quis saber, porque o Programa do Governo assume o desenvolvimento e generalização do Ensino Profissional, se está para breve as diligências do Governo para que se efective finalmente a implementação do Ensino Profissional na ilha das Flores.
Antes de abordar as questões relativas à descontinuidade territorial, Paulo Rosa lembrou que o Programa do Governo fala em valorizar a profissão e as funções docentes, assumindo que o seu Grupo Parlamentar está deveras intrigado e curioso, porque fica a dúvida se terá o Governo do PS percebido finalmente que as políticas persecutórias destes profissionais são injustas e pretende emendar a mão reabilitando publicamente uma classe, cuja imagem ajudou a degradar junto da opinião pública?
Por outro lado, Rosa aflorou ainda a questão dos transportes escolares na ilha das Flores, informando o Governo de que a Associação de Municípios da Ilha das Flores (que assegura esta valência), não tem condições para prestar o serviço por muito mais tempo, podendo suspendê-lo a qualquer momento.
Pelo exposto perguntou ao executivo se irá intervir decisivamente, de preferência antes que aconteça e como e quando tencionam resolvê-la?
Também a bancada do PSD continua a criticar a política de Educação do Governo socialista açoriano, em especial a alegada ausência de diálogo entre o PS e os professores, referindo que os secretariados de ilha do Partido Socialista reuniram «secretamente» com os professores depois das eleições legislativas de 19 de Outubro.

Costa Pereira, deputado social-democrata, considera que «não há política educativa, nem reformas do ensino que tenham a mínima possibilidade de sucesso», se não forem implementadas com o apoio dos professores.

Na resposta, Cláudia Cardoso, da bancada do PS, disse que os deputados não devem transformar-se em «representantes dos sindicatos acantonados no Parlamento».

«Nós somos pelo sistema de ensino regional e não pela exclusiva defesa dos professores», esclareceu.

Texto extraído do Correio dos Açores, 11 Dezembro 2008