Há uma série de situações que devem ser equacionadas por nós:
- queremos lutar, a sério mesmo? então porque não se constituem comissões de luta, abertas, em cada estabelecimento, dinamizadas pelos activistas ou simples sócios de cada um dos sindicatos presentes? ou seja plataformas sindicais ao nível local?
- queremos que a nossa luta seja difamada distorcida ou queremos uma compreensão do que está realmente em jogo? então para isso, não apenas queremos mudanças profundas no ECD que nos impuseram, como queremos e não abdicamos de que a escola pública seja um instrumento fundamental de democracia, de real alavanca para o desenvolvimento sustentado, de igualdade de oportunidades... ou seja, recusamos a política de redução de custos e de pseudo-reformas, que não visam melhorar as condições de desempenho das escolas e do seu pessoal, mas antes introduzir uma lógica empresarial totalmente alheia a qualquer projecto educativo sério (mesmo ausente nas boas escolas privadas, pois estas não têm como objectivo um «funcionamento empresarial»)
- queremos uma solidariedade actuante em relação à nossa luta, que afinal é a luta de todo o povo em defesa da escola pública?
Então devemos pôr os sindicatos, principalmente os que não sejam de docentes, a produzir uma série de declarações, conferências de imprensa, campanhas de opinião, etc. em defesa da escola pública, sublinhando a total e indefectível solidariedade com os trabalhadores da educação. Sublinhando igualmente que os docentes foram escolhidos como uma espécie de «bode expiatório» porque tinham antes uma carreira com dignidade e com direitos, que o intuito é quebrar a espinha aos trabalhadores da administração pública todos e não apenas dos docentes; que o intuito é fazer guerra aos sindicatos todos e não apenas aos dos docentes.
Ou seja, se guerra há, é uma guerra social levada a cabo desde o poder e o governo contra (quase) toda a sociedade, pelo menos contra os 90% dos portugueses que não têm qualquer possibilidade de colocar os seus filhos em colégios privados (ao contrário da casta política que coloca seus filhos em colégios e depois legisla para a destruição metódica da qualidade da escola pública, dizendo que a está defendendo)!!!
Manuel Baptista
Extraído da "Sinistra Ministra"