quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Governo e sindicatos dos professores acertam calendário de negociações
A secretária regional da Educação e Formação e os representantes dos sindicatos de professores da Região acordaram, hoje, o calendário de negociações de diversas matérias, com destaque para o processo de avaliação dos docentes.
Numa reunião realizada em Angra do Heroísmo foram escalonadas várias rondas de debate, agendadas para a primeira quinzena de Janeiro.
Em declarações aos jornalistas depois do encontro, Lina Mendes reafirmou a disponibilidade do Governo para ir ao encontro de algumas propostas que beneficiem os docentes.
A governante alertou, no entanto, para a necessidade de se chegar a consensos que beneficiem o sistema regional de ensino e os alunos, a par da satisfação de aspirações dos professores.
Nós vamos, com bom senso, procurar encontrar pontos onde será possível, em benefício dos docentes, chegarmos a um acordo, a um consenso, declarou Lina Mendes.
No entanto, esse bom senso deve imperar também para se pensar na qualidade do ensino e nos benefícios para os alunos, em simultâneo com os benefícios para os docentes, considerou.
Modelo de avaliação "extremamente burocrático"
O grupo parlamentar do PSD/Açores considerou que a proposta de revisão do estatuto da carreira docente apresentada pelo governo mantém um modelo "extremamente burocrático" e uma visão "essencialmente economicista e punitiva da avaliação".
"Se é verdade que a nova proposta do governo já não insiste na avaliação anual por manifesta inoperacionalidade situação que o PSD já havia previsto e denunciado, sem que a maioria do PS lhe tivesse dado ouvidos , mantém-se, no entanto, um modelo extremamente burocrático que não considera na devida medida o essencial do acto educativo", afirmou o deputado social-democrata Rui Ramos.
Em comunicado, o parlamentar do PSD/Açores salientou que a proposta do governo "continua a penalizar" na avaliação todos os professores "que, na doença, procuram médicos especialistas fora da sua ilha de residência, a fim de terem acesso a uma segunda opinião e diagnóstico".
Segundo o deputado social-democrata, a avaliação dos docentes "deveria privilegiar essencialmente a qualidade educativa, a melhoria da leccionação e das práticas pedagógicas".
"Ao contrário das expectativas criadas na classe docente dos Açores, mantém-se um estatuto e um modelo que não altera em profundidade a avaliação docente, sendo de prever mais descontentamento, mais instabilidade e mais desmotivação, cujas consequências terão obviamente efeitos nefastos ao nível da qualidade do ensino na Região", alertou.
Rui Ramos lamentou, ainda, as recentes declarações da deputada socialista e presidente da Comissão de Assuntos Sociais, que afirmou que as petições subscritas por cerca de 800 professores, "estão, de certa forma ultrapassadas".
"Dizer isso, pelo simples facto da nova proposta ter deixado cair a avaliação anual de professores, traduz, quanto a nós, uma visão redutora, procurando, por essa via, deturpar a realidade e, assim, tentar esvaziar de conteúdo as profundas motivações que levaram à apresentação das referidas petições, que são o espelho fiel e verdadeiro da instabilidade e da desmotivação sentidas e vividas na generalidade das escolas açorianas", afirmou.
24 Dezembro 2008, Correio dos Açores